sexta-feira, 26 de julho de 2013

A alimentação saudável e as nossas convicções


A alimentação saudável. Esta busca interminável pelo que é bom e pelo que faz bem. Sem restrições loucas, sem fanatismos, de olhos e mente aberta.
Já abordamos a questão da Dieta Mediterrânica numa outra ocasião (ver aqui). Essa dieta que de dieta não tem nada. É sim um modo de vida. Saudável. De acordo com as nossas convicções em termos alimentares, ambientais e sociais.
Sim. Porque comer bem é muito mais do que encher o prato com as porções "recomendadas" dos alimentos necessários. Comer bem também é saber que a origem e proveniência dos nossos alimentos tem o menor impacto possível no ambiente e na sociedade.
De que nos adianta comer muita soja se for transgénica? De que nos adianta ter quinoa no prato todas as semanas quando os habitantes que dela dependem vivem na probreza e quase não têm dinheiro para poder comprar um alimento por eles cultivado? De que nos adianta comer fruta exótica e importada (e caríssima!) que para cá chegar dentro de um contentor de um navio depletou parte das reservas naturais de petróleo e rompeu ainda mais o buraco na camada do ozono?
Estas e outras questões se "alevantam" quando pensamos com seriedade no impacto das palavras "alimentação saudável".  Não sendo nós especialistas na matéria (muito pelo contrário, apenas curiosos aprendizes) temos a nossa opinião no que toca ao acto de bem comer. E resolvemos partilhar convosco alguns dos pontos que para nós são importantes.


Consumimos, preferencialmente, produtos de origem não animal

Não. Não somos vegetarianos. Nem ovo-lacto-vegetarianos. Nem veganos. Nem crudívoros. Nem...
Mas temos uma regra simples: pelo menos 3 vezes por semana o jantar é ovo-lacto-vegetariano, 2 vezes por semana jantamos peixe, 1 vez por semana jantamos carne branca e 1 vez por semana jantamos carne vermelha.
Os almoços são à moda de Lavoisier: nada se cria, nada se perde, tudo se transforma (e nada se desperdiça, acrescentamos nós).
Portanto, a semana é fácil de planear: 3 veggie + 2 peixe + 2 carne. Claro que, devido aos horários de trabalho desencontrados, acabamos por fazer mais refeições vegetarianas e uma semana típica envolve apenas 1 ou 2 jantares com carne/peixe.

Damos preferência ao consumo de vegetais, leguminosas, cereais (integrais), fruta, sementes, produtos lácteos.

A gordura de eleição é o azeite (quem resiste molhar um bom pão em azeite aromatizado????) e cá em casa não se fazem fritos.

Não abusamos do sal, muito pelo contrário, e damos preferência às ervas aromáticas (frescas ou secas) e especiarias. Os azeites e vinagres aromatizados são caseiros e as misturas de ervas e especiarias também (dentro do possível).


Evitamos o consumo de produtos processados

Não temos por hábito comprar coisas industrialmente preparadas e com ingredientes cujo nome não conseguimos ler! Claro de vez em quando lá compramos umas bolachas (utilizadas quase sempre porque vão passar de prazo ou porque são para a base de uma tarte) ou uns cereais.
Nunca compramos comida pré-preparada (refrigerada ou congelada) e embalada, à excepção, claro, das massas frescas recheadas e do belo do frango no churrasco, que na verdade é feito à nossa frente na churrasqueira cá do sítio - com muito molho picante, para ajudar a expulsar as toxinas! :p


Consumimos produtos locais e sazonais de boa qualidade

Numa sociedade em que tudo está disponível a toda a hora em todo o lado, isto do local e sazonal torna-se complicado de perceber. Compramos nos mercados locais, de preferência biológicos.
Ah mas o biológico é muito caro, argumentam vocês! Depende da alimentação que fazemos, dizemos nós! Se em 7 jantares, 3 ou mais são ovo-lacto-vegetarianos, poupamos o valor da carne e do peixe, pelo que podemos muito bem investir em produtos biológicos.
Ainda não experimentamos comprar directamente a produtores ou cooperativas, em mercearias, ou até em mercearias associadas a cooperativas de produtores, muitas das quais funcionam por cabazes com determinada frequência de entrega, porque ainda não sentimos essa necessidade. Mas são também opções que ajudam a estimular a economia local e comprar aquilo que é "nosso", produzido pelos "nossos".
Aproveitamos alguns dos passeios das nossas folgas para visitar os meios rurais e comprar nesses locais. Além da passeata ainda trazemos produtos regionais que vão fazer as nossas delícias durante a semana! :)
Mas, mais uma vez, nada de fanatismos: se nos apetece uma manga do Brasil em pleno Dezembro, compramos. Mas são situações esporádicas.

Como comemos pouca carne e pouco peixe, acabamos por poder comprar "peças" mais caras e de melhor qualidade.
Por exemplo, o bife é sempre do lombo, porque é o que nos sabe melhor. A carne picada é de 1ª qualidade (e aqui o senhor do talho até chora quando lhe peço para a picar).
O peixe é fresco sempre que possível: um bom lombo de atum, cavala (fresca ou em conserva é absolutamente delíciosa), lulas fresquinhas a cheirar a mar, um bom lombo de salmão e por aí fora. E os peixes da época, como todos os outros alimentos, têm sempre o preço mais em conta, pelo que podemos equilibrar o orçamento.


Consumimos doces de forma controlada

A fruta tem lugar de destaque à sobremesa ou nos lanches. E mesmo às refeições principais é frequente incorporar fruta nas saladas. Os batidos com fruta, leite soja ou iogurte, sementes e cereais são o dia-a-dia do bom tempo. As sobremesas aparecem, nas folgas, como complemento do dia de descanso.
Uma das coisas que me faz muita confusão é ver que muitos dos blogues que vou visitando publicam receitas de doces numa base quase diária. E eu fico incrédula! Apesar de este blogue ter uma bela colecção de doces (porque na maioria das vezes acabam por ser aquilo que consigo fotografar com luz do dia), as publicações são bem espaçadas no tempo e cá em casa o consumo de doces não é frequente. Com o calor somos mais tentados pelos gelados, mas ainda assim, nunca há um consumo diário de bolos, tartes, queques e afins!
E se é para fazer um docinho, que seja, preferencialmente, com açúcar mascavado, mel, melaço ou geleia de agave, com farinhas integrais, com frutas, muitas sementes, etc. Mesmo os doces, na medida certa e com os ingredientes apropriados, podem contribuir para uma alimentação saudável. Por exemplo, iogurte grego natural com mirtilos, raspa de limão e mel é uma sobremesa dos deuses!


Pequeno-almoço de rei, almoço de príncipe, jantar de pobre e a regra dos 5

Tentamos fazer pelo menos 5 refeições diárias, de modo a evitar os períodos de fome negra e estômago a roncar em que há maior probabilidade de comermos aquilo que nos aparecer à frente, nem que seja o computador.

Pequeno-almoço: claramente a refeição mais importante do dia e nem vamos discutir mais esse assunto. Ponto final. Parágrafo.
Lacticínios, cereais, sementes e fruta sempre que há tempo para preparar. Na pior das hipóteses há sempre leite com cevada (ou café para o menino) e pão com manteiga. Mas nunca, nunca, saimos de casa sem comer (a menos que se vá fazer análises!).

Lanche a meio da manhã: vale de tudo um pouco, consoante a fome. Levar os lanches na marmita ajuda a evitar os disparates que se fazem quando se recorre às vending machines.

Almoço: O que tiver sobrado de um ou vários jantares mais fruta (ou gelatina ou iogurte caseiro). A bebida é sempre chá sem açúcar.
Levar marmita para o trabalho pode não ser prático para todos, mas ajuda bastante a controlar o bem-estar e o orçamento. Para quem tem obrigatoriamente que comer fora, resta optar pelas escolhas mais saudáveis :)

Lanche a meio da tarde: aqui a coisa complica-se. O almoço sendo bom, dificilmente há fome até ao jantar. Mas se for dia de ginásio convém comer pelo menos uma banana.

Jantar: A refeição com menor quantidade de comida, normalmente acompanhada por água ou vinho. Comer em qualidade e não em quantidade é a palavra de ordem. Raramente há sobremesa, a menos que seja um dia especial.


Exercício físico

Aqui é que elas mordem. Ou melhor, mordem mas só para alguns. Gosto de desporto e já pratiquei desde natação, modalidades BTS e ultimamente fico-me pelas caminhadas diárias de 9km e aulas de Pilates, Yoga e Body Balance. Já o Vel tem como desporto favorito o levantamento do copo :p

A verdade é que uma boa alimentação por si só não mantém a saúde do corpo. Uma vida sedentária cria muitos vícios de posturas e pouca variedade de movimentos pelo que, com o passar dos anos, vamos ficando com os músculos mais atrofiados. É bom exercitar o corpo, na medida das necessidades e possibilidades de cada um. Nada de loucuras! Quem não pode correr pode caminhar, quem não pode ir ginásio pode dar umas voltinhas de bicicleta, quem não tem grande tempo para nada pode optar por deixar o elevador e subir escadas a pé. Mas é necessário contrariar o sedentarismo e tornar o organismo mais activo, mais forte, mais saudável.

9 comentários:

  1. Que bons e saudáveis conselhos!!! Para os seguir, no início, vou ficar com aquela expressão da vossa boneca alentejana.
    Beijo amigo,
    Anita

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  2. Com certeza ótimas dicas, tudo o que precisamos.

    Beijinhos, Pri
    http://receitaesperta.blogspot.com.br/

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  3. Adorei ler esta publicação. Felizmente cá por casa come-se muito peixe e carne branca. Mas muito mais do que isso não posso incutir. Somos vários cá em casa e não se mudam os paladares e gostos de cada um. Mas temos uma alimentação com poucos fritos e com produtos cá do quintal :) E gostamos todos de fazer exercício. :)

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  4. Identifico-me muito com as tuas escolhas alimentares aliás as minhas são muito semelhantes. Tento cuidar o melhor que posso do meu corpo :)

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  5. excelente artigo! tentamos seguir a mesma política cá em casa.

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  6. Excelente post,gostei muito mesmo.
    Bom fim de semana
    bjs

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  7. Uma boa alimentação é uma base para uma vida saudável :)
    Por cá não comemos fritos, tentamos comer mais ao sabor da época, do biológico e do local.
    O exercício é que não tenho grande tempo, confesso, mas adoro passear a pé e ir à piscina.
    Falta-me a yoga, mas cá não arranjo compatível com os meus horários.
    Um beijinho.

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  8. tento seguir algumas coisas pelos meus filhos, sobretudo nos produtos nacionais e da época deles.
    adorei ler o teu artigo!
    e é tudo uma questão de educação.

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  9. Olá Ondina Maria!
    Só agora é que cheguei ao teu blog e li este post mas identifiquei-me logo com as tuas receitas e, mais ainda, com as vossas convicções alimentares. :)

    Nós por cá, embora fora de Portugal, tentamos manter-nos activos fisicamente mas o frio já se começa a notar e a vontade de sair é pouca.

    Um beijinho e fica à espera de boas e novas ideias.

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Obrigada pela visita :)